‘Sergio Rodrigues em Brasília (1956-1981)’ relembra momentos que foram importantes na consolidação de Sergio como um dos principais designers do Brasil. Ao mesmo tempo, desvenda o processo de ocupação da arquitetura monumental da cidade, marco fundamental do modernismo no Brasil e no mundo
O livro conta com artigos de Maria Cecilia Loschiavo, Freddy Van Camp, Beatriz Leivas, Flávio Yutaka Oshiro, Mina Warchavchik Hugerth, Karen Matsuda, Rogério Camara e Roseli Sartori, além de Marcelo Mari, organizador da obra. Seu lançamento ocorre em Brasília, 21 de outubro, São Paulo, 28 de outubro, e Rio de Janeiro, 30 de outubro, com sessão de autógrafos e bate-papo com Mari.
A geração de arquitetos da qual Sergio Rodrigues fez parte aceitou o desafio de construir uma nova capital para o país segundo um plano decantado no pensamento do modernismo brasileiro e que foi expresso na realização das ideias urbanísticas de Lucio Costa e dos palácios de Oscar Niemeyer. Para arquitetos como Sergio, o desafio de construir um novo país era múltiplo, amparado pelos ventos da esperança de dias mais prósperos, generosos e felizes, passando desde a oportunidade de ser inventivo e de criar soluções arquitetônicas em estruturas inéditas pré-fabricadas para proporcionar a massificação da habitação de interesse social no Brasil, até assumir o desafio dado por Niemeyer de aparelhar com mobiliário a arquitetura brasileira. Essa geração trabalhou em Brasília e sonhou com uma modernização do país profundamente comprometida com a construção.
Organizado pelo professor Marcelo Mari, o livro conta com uma série de artigos escritos pelo próprio e por outros especialistas com temas que vão da venda de móveis para o Catetinho, primeira sede do Governo, improvisada no canteiro de obras da nova capital, e da experiência de projetar galpões e móveis para a recém-criada UnB até os projetos para palácios do governo, para o Itamaraty, para o Teatro Nacional e para o Cine Brasília.
O livro abre com Sergio Rodrigues no canteiro experimental da Universidade de Brasília, episódio decisivo para a trajetória profissional de nosso designer, quando o antropólogo, e naquele momento reitor da recém-criada Universidade de Brasília, Darcy Ribeiro o convida para criar mobiliário para a UnB depois da experiência exitosa de Rodrigues quando construiu dois pavilhões que serviram para alojamento de professores e estudantes na Universidade. Ele desenha cadeiras, sofás, poltronas, mesas, estantes, armários, bancos e camas. Esse conjunto de móveis será conhecido como linha UnB. É também desse período a tarefa, descrita em O Itamaraty e o design
de Sergio Rodrigues, de desenhar a nova mesa do ministro das Relações Exteriores que seria levada a Brasília depois da finalização do Palácio Itamaraty no ano de 1967. Rodrigues executou, por décadas, uma série de serviços para o ministério, aqui e no exterior, a convite especial de Hugo Gouthier, Olavo Redig e Wladimir Murtinho. Aliás, sua ida para Roma foi fruto do interesse despertado em Gouthier para que a mesa Itamaraty representasse a cultura brasileira no exterior. Daí o aparelhamento completo da Casa do Brasil em Roma pelos móveis desenhados por Sergio Rodrigues e executados por Carlo Hauner.
O ano de 1955 se tornou um marco na produção do mobiliário de Rodrigues com a inauguração da loja Oca e da fábrica Taba. A Oca foi decisiva na consolidação de Sergio Rodrigues como designer, tal como descrito em Situação Oca, que analisa conceitos essenciais das pro- posições poéticas de Rodrigues. Em 1956, o Catetinho é finalizado e precisa de mobiliário adquirido com Sergio Rodrigues. Também, conforme descrito em Do Catetinho ao Palácio do Planalto, Sergio Rodrigues chega a Brasília, naqueles anos do final de 1950, a Oca vendia móveis da Forma e da Ambiente, e Rodrigues desenvolveu aos poucos uma linha própria de mobiliário em sua fábrica, a Taba. São pouco conhecidos os anos iniciais de atuação de Rodrigues em Brasília, quando produziu e comerciou mobiliário para o Catetinho – conhecido como palácio das tábuas –, para o Palácio da Alvorada e o Brasília Palace Hotel. Eles foram oportunidades importantes na profissionalização de Rodrigues. Para o Brasília Palace, Rodrigues produziu as famosas poltronas Stella e comerciou outros móveis; para o Palácio do Planalto, produziu a poltroninha Beto.
‘Sergio Rodrigues (Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1927 – Rio de Janeiro, 1 de setembro de 2014)’ representa o apogeu expressivo do móvel brasileiro. Arquiteto de formação, o carioca se notabiliza não só pela originalidade, mas também pela longevidade de sua obra como designer, que conta seis décadas de produção. Estima-se que desenhou 1.200 móveis e que metade foi produzida. A madeira maciça, em especial o jacarandá, foi seu material de predileção, combinada a couro, tecidos, palhinha e metal, e sua manufatura, essencialmente artesanal.
Em Sergio, o desejo de modernizar a arquitetura de interiores e de criar um móvel contemporâneo com caráter local, o conhecimento técnico do ofício e a consistência da linguagem, enfim os traços que distinguem o designer são por vezes atenuados pela personalidade bem-humorada e generosa, pela cultura herdada de uma família de intelectuais, pelo fato de sua loja Oca, inaugurada em 1955 em Ipanema, ter se tornado ponto efervescente da cena carioca.
Sergio Rodrigues em Brasília (1956-1981)
Organização Marcelo Mari
Páginas 196
Capa brochura
ISBN 9786588280805
Preço R$ 120,00
Lançamentos
Brasília
Data 21/10
Horário 11h
Local Mão Brasileira – CCBB, St. de Clubes Esportivos Sul. Trecho 2 – Asa Sul
São Paulo
Data 28/10
Horário 11h
Local Livraria Eiffel, Praça da República, 183
Rio de Janeiro
Data 30/10
Horário 19h
Local Livraria da Travessa Botafogo, Voluntários da Pátria, 97