Obras artísticas do Metrô SP serão conservadas por ação específica

O projeto prevê recuperação de 21 obras e terá início a partir deste próximo mês de novembro pelas estações Clínicas, Trianon-MASP, Santos Imigrantes e Paraíso

O Ventre da Vida, de Denise Milan e Ary Perez (1993), na Estação Clínicas (Foto: Denise Milan)

 

Com início em novembro, esculturas, murais e painéis assinados por ilustres nomes da arte contemporânea brasileira e instalados no Metrô de São Paulo passarão por processos de limpeza, conservação e proteção. Idealizado pelo produtor Eduardo L. Campos e realizado em parceria com o escritório Julio Moraes Conservação e Restauro, o projeto conta com patrocínio da Bombril e apoio do Programa de Ação Cultural (ProAC) e da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Ao todo são 21 obras que integram a lista de recuperação – de artistas como Cláudio Tozzi, Denise Milan, Francisco Brennand, Geraldo de Barros, Gilberto Salvador e mais -, iniciada pela Estação Clínicas sobre a instalação O Ventre da Vida, de Denise Milan e Ary Perez. Dentro desta primeira etapa também estão inclusos os trabalhos situados nas Estações Trianon-MASP, Santos-Imigrantes e Paraíso com a conservação das quatro: as esculturas Passáro Rocca (1990) de Francisco Brennand; Esfera (2009), de Marcos Garrot; O Equilíbrio (1989), de Renato Brunello; e o painel O Paraíso (1995), de Betty Millan. Cada trabalho receberá cuidados específicos, feitos de acordo com o estado de preservação, e ao final do processo a obra receberá uma camada protetora, que prolonga o período de proteção, e facilita limpezas futuras.

O processo está previsto para se estender até abril de 2021, contemplando também as estações e artes:

  • Pedro II (Figuras Entrelaçadas, escultura de Antonio Cordeiro);
  • Clínicas (Jogos de dados, painéis de Geraldo de Barros);
  • Vila Madalena (Homenagem a Galileu Galilei II, escultura de Cleber Machado);
  • Santuário Nossa Senhora de Fátima – Sumaré (escultura Sem título, de Caito);
  • Trianon-MASP (a escultura Pássaro Roca, de Francisco Brennand);
  • Paraíso (painel O Paraíso, de Betty Millan, e a escultura Equilíbrio, de Renato Brunello);
  • Jardim São Paulo – Ayrton Senna (Voo de Xangô, escultura de Gilberto Salvador);
  • Tucuruvi (A Semente, escultura de Renato Brunello);
  • Tiradentes (Sem título, escultura de Akinori Nakatani);
  • República (Resíduos e Vestígios – Século XXI – Vitrine / Cápsulas, de Bené Fonteles; – Resíduos e Vestígios – Século XXI – Grande Cocar, de Roberto Mícoli; Resíduos e Vestígios – Século XXI – Luz da Matéria, de Xico Chaves; Resíduos e Vestígios – Século XXI (duas instalações), de Luiz Hermano); e
  • Santos-Imigrantes (Esfera, escultura de Marcos Garrot).

Ao longo processo, a ação será registrada por meio de fotos e vídeos em um catálogo exclusivo (digital e impresso), bem como pelo documentário Conservação das Obras de Arte do Metrô. Ambas as produções serão apresentadas e distribuídas gratuitamente ao público ao término do projeto.

Para além de prolongar a vida destas obras, o projeto chama a atenção para a existência da arte no dia a dia das pessoas que transitam pelo Metrô de São Paulo. O papel da arte e sua relevância para sociedade serão reafirmados no mundo pós-pandemia (…)”, diz Eduardo L. Campos, diretor da Sequoia Produções.

A recuperação das tais obras de arte corrobora com um projeto preexistente em São Paulo, iniciado em 2018, que já interviu sobre 41 esculturas – com destaque para aquelas localizadas na Praça da Sé, como Abertura (1970), escultura em aço de Amilcar de Castro; Emblema de São Paulo (1979), de Rubem Valentim; O Voo, de Caciporé Torres; e ainda o Marco Zero da cidade, de extrema importância para a capital, idealizado por Jean Gabriel Villin e Américo Neto e instalado no centro geográfico de São Paulo.

Por conseguinte, a ação se dedicou ao Parque Trianon, na Avenida Paulista, sobre três emblemáticas esculturas – a saber, Fauno (1944), de Victor Brecheret; Anhanguera (1935), de Luís Brizzolara; e Busto de Joaquim Eugenio de Lima (1952), de Roque de Mingo – e a última etapa foi concluída em junho de 2019, com a recuperação das 30 obras do Jardim de Esculturas do MAM São Paulo, no Parque Ibirapuera, um dos principais acervos brasileiros a céu aberto, que congrega monumentos de importantes nomes da cena contemporânea do país, dentre os quais pode-se citar Aranha (1981), de Emanoel Araújo; Carranca (1978), de Amilcar de Castro; Sete ondas – escultura planetária (1995), de Amelia Toledo; Cantoneiras (1975), de Franz Weissmann; e Corrimão (1996), de Ana Maria Tavares.

O processo também oferece a possibilidade de ser acompanhado pelo documentário Conservação de Esculturas em Espaços Públicos na cidade de São Paulo, disponível no YouTube e logo abaixo.