H+F vence concurso para restaurar e modernizar o Museu do Ipiranga

Projeto vencedor remaneja acesso principal para cota inferior onde será construído subsolo de 3 mil metros quadrados

(Imagem: Divulgação / H+F Arquitetos)

 

Quando (e se) reabrir em 2022, data do bicentenário da Independência do Brasil, o Museu Paulista – um dos mais célebres edifícios paulistanos, que fica na região do Ipiranga, e também é conhecido como Museu da Independência – deixará de ter seu principal acesso pelas escadas seculares. O projeto apresentado pelo escritório H+F Arquitetos, e que foi o vencedor do concurso público realizado pela Universidade de São Paulo para o restauro e modernização do prédio, remaneja o acesso ao conjunto para uma cota mais baixa, onde será construído um subsolo de 3 mil metros quadrados.

A proposta do escritório dos arquitetos Pablo Herenu e Eduardo Ferroni foi selecionada dentre as 13 inscritas – em segundo lugar ficou a solução de Pires Giovanetti Guardia Engenharia Arquitetura e, em terceiro, a do Arquiteto Hector Vigliecca e Associados. Os prêmios foram de R$ 25 mil, R$ 15 mil e R$ 10 mil, respectivamente.

“Estamos entrando na reta final para equacionar as necessidades e os problemas diagnosticados no edifício-monumento nos trabalhos de prospecção realizados nos últimos anos”, explicou, na ocasião da divulgação do resultado da competição, em dezembro, a diretora do museu, Solange Ferraz de Lima.

A diretora informou ainda que a elaboração do projeto executivo pela empresa vencedora – etapa que se segue à da apresentação das propostas – será o último ponto de inflexão no planejamento para as obras e garantirá o início da execução do restauro e modernização. Embora os recursos para as obras ainda não estejam assegurados, a intenção é de reabrir o edifício para visitações em 2022.

Na competição, o júri – presidido por Marcelo Romero, pro-reitor de Cultura e Extensão Universitária da USP – avaliou aspectos como racionalidade, funcionalidade e exequibilidade técnica; respeito às características materiais, estruturais, composição e documentais do edifício; criatividade, solução estética e inovação do projeto; atendimento às especificidades do uso e das soluções de circulação e acessibilidade; e adoção de critérios e soluções de projeto para a sustentabilidade ambiental.

Em reportagem publicada em dezembro, o jornal O Estado de S.Paulo informou que no nível do parque da Independência, onde ficará o novo acesso, a construção terá imensas vidraças que permitirão observar os chafarizes e o ambiente externo. Ali serão instaladas bilheterias, livraria e café, além de um auditório e salas para a parte educativa do museu. Um túnel levará a escadas rolantes que colocarão o frequentador no hall de entrada do edifício-monumento. “Bem na frente das escadarias, respeitando assim o ritual de acesso consolidado no imaginário dos visitantes”, explicou Ferroni ao jornal.

A construção desse subsolo é a principal mudança que o projeto introduzirá no centenário edifício, mas a solução também prevê um novo destino para a área de cobertura do prédio – que antes era utilizada como reserva técnica – como espaços expositivos. Os arquitetos planejam construir passagens entre os três pontos do andar mais alto do museu, justamente para criar um fluxo de pessoas de um canto a outro. “Essas passagens serão envidraçadas, para que a vista privilegiada da região do Ipiranga possa ser apreciada pelo visitante”, afirmou Hereñú ao Estado de S.Paulo.

No topo da construção também deverá ser construído um mirante. “Em pesquisas iconográficas, encontramos registros de que, na inauguração do museu, em 1895, as pessoas puderam subir nessa cobertura. Resolvemos que esta experiência deve ser compartilhada com o visitante do século 21″, detalhou Ferroni. “Justamente por causa do parque, o prédio permaneceu um tanto isolado da mancha urbana. Assim, a vista dali revela uma geografia surpreendente”, acrescentou o arquiteto.

As intervenções propostas procuram interferir o mínimo possível na volumetria do histórico edifício. “É preciso respeitar a presença do prédio na paisagem paulistana”, disse Ferroni. “Em suma, buscamos transformar muito o espaço interno, mas utilizando poucos elementos novos”, informou Hereñú.

Inaugurada em 1890, a construção foi projetada pelo arquiteto e engenheiro italiano Tommaso Gaudenzio Berri e está fechada para o público desde 2013 – até as visitas serem proibidas devido ao estado de conservação do prédio, o museu era um dos mais visitados da capital paulista: recebia, em média, 300 mil visitas anuais.