FNA: Curtas-metragens do ArquiCine estão no UIA2021RIO

Os participantes do 27° Congresso Mundial de Arquitetos podem conhecer a história de 16 comunidades brasileiras, cujos moradores lutam por justiça social, democracia e habitação digna

 

Estudantes e profissionais de Arquitetura e Urbanismo uniram-se a movimentos sociais de luta por moradia no inédito Projeto ArquiCine, uma iniciativa conjunta da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) e da Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (FeNEA) exclusiva para o Congresso. O projeto culminou na produção de 16 curtas-metragens com a temática habitação social, contando com o olhar reflexivo sensível de seus produtores. Os curtas estão disponíveis na plataforma do 27° Congresso Mundial de Arquitetos, no espaço ‘Diálogos com a Sociedade’.

Cerca de 72 horas/aula foram distribuídas em três oficinas gratuitas que municiaram as equipes na prática audiovisual de retratar, pela câmera do celular, a realidade habitacional de comunidades de diversas regiões do Brasil. De abril a maio, as oficinas foram ministradas pelos cineastas Gustavo Spolidoro e Lucas Heitor Beal Sant’Anna, do Câmera Causa.

Os curtas relatam histórias de vida de comunidades do Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Bahia, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Recife e Portugal. De acordo com a presidente da FNA, Eleonora Mascia, o projeto foi idealizado para reconhecer e difundir histórias que são referência nacional e internacional em assistência técnica e autogestão e “evidenciar o papel essencial dos arquitetos e urbanistas no planejamento urbano e nas políticas habitacionais”, destacou.

Sabe-se que desde 2008, o país tem a Lei Federal Nº 11.888 que define como direito dos cidadãos o acesso à assistência técnica em áreas de habitação de interesse social. Apesar dos desafios de sua aplicação no Brasil, é uma importante referência na produção social da moradia.

 

O projeto ArquiCine buscou reconhecer e difundir essas histórias que são referência nacional e internacional em assistência técnica e autogestão e evidenciar o papel essencial dos arquitetos e urbanistas no planejamento urbano e nas políticas habitacionais”, destacou Eleonora.

 

Todos os vídeos exibidos trazem a temática da habitação, mas o assunto, apesar de único, permitiu diversos desdobramentos pelas equipes participantes, segundo Spolidoro. “Chamou a atenção os diferentes trabalhos dentro de um mesmo tema pré-definido, como despejos, ocupações, quilombolas, empreendimentos já consolidados e habitados. Isso mostra a diversidade e a riqueza das produções”, afirmou. Para Lucas Heitor, outro diferencial do ArquiCine foi reunir pessoas de várias partes do país para troca de experiências e conhecimento

 

Mais ações da FNA no UIA2021RIO

‘A BOLSA OU A VIDA’, do cineasta Silvio Tendler

 

Como parte da extensa agenda do UIA2021RIO, a FNA também apresenta o documentário A BOLSA OU A VIDA, filme do cineasta Silvio Tendler. A pré-estreia acorreu na última segunda-feira (19/7), na sequência da Mesa de Debates ‘Educação em Arquitetura e Urbanismo’, programação especial da FNA e do CAU Brasil para o Congresso. Agora, a transmissão segue no espaço ‘Diálogos com a Sociedade’ – Atividades culturais – Mundo dos Filmes, na plataforma do UIA2021RIO.

Dirigido por Silvio Tendler e produzido pela Caliban Cinema e Conteúdo, o filme foi desenvolvido durante a crise sanitária do coronavírus, em 2020, e sua proposta é discutir o tema ‘o que virá depois da pandemia?’.

 

Discute se, no pós-pandemia, a centralidade será o ser humano e a natureza, ou o cassino financeiro”, como Tendler definiu. Todas as entrevistas para o filme foram realizadas por meio de videoconferências. “Falamos com pessoas do Brasil todo, além dos Estados Unidos e da Grécia, sem sair do local”, continuou.

 

Em quase um ano e meio de produção do filme com 1’41 minutos, foram realizadas mais de 73 entrevistas com personalidades conhecidas do mundo artístico/cultural, e com cidadãos comuns que fazem parte do dia a dia das cidades brasileiras e que sentem as dificuldades impostas pelo caos social. Caso da ‘Duda’, motorista de Uber na cidade do Rio de Janeiro, que foi uma das retratadas no filme de Tendler.

‘A BOLSA OU A VIDA’ foi produzido com um orçamento integralmente colaborativo de 19 entidades, entre sindicatos, federações e confederações, além de pessoas físicas. “A FNA foi uma dessas entidades a contribuir não apenas com parte do orçamento, mas emprestou sua experiência e conhecimento nas causas urbanas”, pontuou Tendler. O documentário, além de tantos outros personagens relevantes, conta com a participação de quatro arquitetos e urbanistas com forte atuação sindical e voltados à luta urbana e social.

Conhecido como “o cineasta dos vencidos” ou “o cineasta dos sonhos interrompidos” por abordar em seus filmes personalidades como Jango, JK e Carlos Marighella, Tendler produziu e dirigiu mais de 70 filmes entre curtas, médias e longas-metragens em formato documental, além de diversas séries.

Seu primeiro longa-metragem é de 1980, “Os Anos JK – Uma Trajetória Política”, produzido pela Terra Filmes. Ao longo de sua trajetória como cineasta recebeu diversas premiações e destaques, dentre elas. uma homenagem no X Festival de Cinema Brasileiro em Paris (2008), com uma retrospectiva de seus filmes. Também naquele ano, foi condecorado com a Medalha Tiradentes pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

 

 

Documentário “20 anos do Estatuto da Cidade: Utopia ou luta?”

O Estatuto da Cidade, que completa 20 anos em 2021, é a legislação máxima da política urbana brasileira, congregando um conjunto de diretrizes e instrumentos para o desenvolvimento sustentável e inclusivo das cidades, em harmonia com o meio ambiente.  Depois de duas décadas de sua promulgação, percebe-se que as cidades brasileiras continuam sendo espaços de muita desigualdade e exclusão social. Quase 85% dos brasileiros vivem nas cidades, mas uma parte significativa desses cidadãos vive muito precariamente.

A FNA, em parceria com o CAU Brasil, propõe uma reflexão sobre a necessária transformação democrática das cidades no Brasil. A partir da comemoração dos 20 anos do Estatuto da Cidade, apresenta o documentário “20 anos do Estatuto da Cidade: Utopia ou luta?”, projeto integrante da programação do UIA2021RIO, que se mostra como um balanço sobre a implementação do estatuto, identificando questões que não saíram do papel e aspectos que precisam avançar para mudar a realidade urbana brasileira.

O documentário estreou na última quinta-feira (21), às 17h, pelo canal do YouTube da FNA, e convidou o espectador a refletir sobre o Estatuto da Cidade a partir do desenho do arquiteto e urbanista, utilizando uma narrativa que pretende demonstrar a importância da participação cidadã e popular, dos processos colaborativos envolvendo diferentes atores sociais. Mais que apontar assertividade, pretende-se trazer subsídios para a reflexão, auxiliando a identificar, coletivamente, quais os próximos passos e desafios imediatos, bem como as perspectivas para mudar os rumos das cidades do Brasil, garantindo o direito à cidade para todos.

A FNA convidou profissionais fundamentais durante a elaboração e aprovação do Estatuto e que hoje continuam atuando para que os propósitos presentes no instrumento sejam efetivados. Participaram o ex-presidente da FNA, Eduardo Bimbi; a arquiteta e coordenadora da rede BR Cidades, Ermínia Maricato; a militante social, Evaniza Rodrigues; o advogado na União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM-SP) e coordenador municipal da Central dos Movimentos Populares (CMP), Benedito Barbosa; a ex-secretária nacional do Ministério das Cidades e arquiteta, Raquel Rolnik; o arquiteto e urbanista, José Roberto Bassul; a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico, Betânia Alfonsin; o diretor do Instituto Pólis, Nelson Saule Jr.; e a ex-assessora do presidente Lula, Clara Ant.

Confira a seguir!