“A transformação é inerente a todas as ações e coisas da vida. Tudo se transforma. Nada é permanente. Tudo está sempre em perpétua mutação, desde os seres vivos aos minerais e objetos inanimados, apenas ilusoriamente imutáveis. A vida é permanente evolução, transmutação, sublimação, da matéria-prima ao produto final, da criança ao adulto com o pleno domínio das suas potencialidades”. Foi com essa visão que Franklin Espath Pedroso, arquiteto e especialista em história da arte – curador da mostra -, trabalhou na proposta da exposição que faz referência ao processo de transformação de materiais brutos como o minério de ferro e o carvão em aço, que ainda pode se converter em obra de arte.
Para ilustrar esse caráter transformador da arte – que transforma a vida e transforma o público, que por sua vez também transforma a obra de arte – foram selecionados 30 trabalhos, de apenas três artistas: grandes nomes do Brasil, pródigos no emprego de diferentes técnicas, com resultados bastante distintos. São eles: Amilcar de Castro (1920-2002), Franz Weissmann (1911-2005) e Waltercio Caldas (1946).
Amilcar de Castro quase sempre utiliza placas densas e grossas de aço e simplesmente as dobra com tamanha suavidade como se fossem simples folhas de papel. Ele apenas faz incisões como se fossem linhas e dobra o aço. Com essas incisões cria os espaços vazios que às vezes o olho comum não é capaz de perceber em um primeiro instante. Faz isso em diferentes escalas e nas formas as mais diversas. Peças de grandes dimensões, suas obras pesam toneladas, mas apresentam uma primorosa combinação de força e leveza. Amilcar Augusto Pereira de Castro nasceu em Paraisópolis, Minas Gerais, em 1920. Foi escultor, gravador, desenhista, diagramador, cenógrafo e professor.
Franz Weissmann, por sua vez, costuma trabalhar com placas de aço mais finas, mas nem por isso com menor força. Só que ele corta e as une com solda. Há milhares de combinações num grande jogo de encaixes e repetições. Weissmann foi um dos grandes nomes do projeto construtivo brasileiro e sua obra é uma referência para muitos. Com frequência ele emprega cores. E quase sempre cores vivas, como vermelho, laranja, amarelo, azul. Ou, em outros casos, apenas o preto e até mesmo somente a fina camada de ferrugem do aço. Franz Josef Weissmann nasceu em Knittelfeld, Áustria, em 1911 e veio para o Brasil em 1921. Aqui, estudou arquitetura, escultura, pintura e desenho. Na década de 1950, suas obras passam a ter um caráter construtivista.
Já as obras de aço de Waltercio Caldas são sempre muito bem polidas e de grande precisão. Muitas vezes ele as combina com outros elementos aparentemente opostos ao aço: um simples fio de lã ou algodão, até mesmo o vidro. Meticulosamente planejadas e executadas, as peças expõem bem sua narrativa poética. São excepcionais, de pura harmonia e plenas de significados. Obras que espelham admiravelmente bem o conceito norteador desta mostra: força, precisão e leveza. Waltercio Caldas nasceu no Rio de janeiro e é considerado um dos maiores nomes da arte brasileira contemporânea. Recebeu importantíssimos prêmios no Brasil e no exterior.
De Waltercio Caldas, “O incidente”, 1995, aço inoxidável e fio de lá, 90 x 220 x 150 cm. Item da coleção do artista.
Força Precisão Leveza – aço e criação artística
Funcionamento de 9 de novembro de 2019 a 2 de fevereiro de 2020
Abertura 9 de novembro, das 15h às 18h
Local MAM Rio
Endereço Av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo, RJ
Tel. (21) 3883-5600