Intitulada L’Amazonie en construction: l’architecture des fleuves volants, algo como “A amazônia em construção: a arquitetura dos rios voadores”, em tradução livre, a exposição será realizada na Maison du Brésil – e comemora os 60 anos deste icônico edifício assinado por Le Corbusier, parte da Cité Internationale Universitaire de Paris e inaugurado em 1959 para servir como residência de estudantes, acadêmicos, professores e artistas brasileiros, tornando-se um verdadeiro centro para a cultura brasileira.
É a primeira vez que a Amazônia brasileira será exibida na Europa do ponto de vista da arquitetura. Para cumprir tal intuito, a mostra realizada pelo Núcleo Arquitetura Moderna na Amazônia (NAMA), pela Revista Amazônia Moderna e pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) foi dividida em Amazônia Fantástica e Amazônia Concreta, de modo a apresentar o imaginário espetacular da paisagem e do território, assim como a aproximação com a realidade urbana e as dificuldades de infraestrutura e urbanidade. Inclui obras reconhecidas pela qualidade arquitetônica e a possível contribuição ao fenômeno dos “rios voadores”, nome dado à respiração das árvores amazônicas, a emissão de uma enorme quantidade de vapor d’água para a atmosfera, que leva nuvens de chuvas para regiões distantes do globo.
Nesse sentido, ganha relevância o trabalho do Institute Max Planck, que, em convênio com o INPA, desenvolve o projeto binacional ATTO na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã. A 150 km de Manaus, uma torre com 325 metros de altura monitora as mudanças climáticas na Amazônia com a medição da troca de gases entre a floresta e a atmosfera. Diante da imensidão da floresta amazônica, fica a pergunta: como é possível garantir qualidade de vida e infraestrutura para cerca de 25 milhões de habitantes nas cidades e comunidades da Amazônia legal?
Outra discussão presente na mostra: as políticas desenvolvimentistas na Amazônia na segunda metade do século XX estabelecem como meta a integração da floresta amazônica com um alto custo ambiental. Em contrapartida, a arquitetura moderna no Brasil tem uma relação simbiótica com o território e uma profunda conexão com a tradição e a qualidade tecnológica. Neste cenário, como a arquitetura pode contribuir para a qualidade do clima na Amazônia?
A curadoria, que conta com a participação do arquiteto, pesquisador e professor Marcos Cereto, escolheu obras de Álvaro Vital Brazil, Aleph Zero, AMZ Arquitetos, Brasil Arquitetura, Cris Xavier, Diogo Lazari, João Castro Filho, Joaquim Guedes, José Afonso Portocarrero, José Bina Fonyat, Karina Vieralves, Laurent Troost, Lelé, Lucio Costa, Mario Emílio Ribeiro, Marcelo Rosenbaum, Mércia Parente, Oscar Niemeyer, Oswaldo Arthur Bratke, Patrícia O’Reilly, Paulo Antunes Ribeiro, Paulo Chaves, Roberto Burle Marx, Roberto Moita, Severiano Porto, Vicente Mas Gonzales e Vilanova Artigas. Estes trabalhos mostram diversos interpretações possíveis para a arquitetura e as cidades na Amazônia, sem constituir um monolito e sim uma Amazônia em construção.
As fotografias são de Marcel Gautherot, Leonardo Finotti, Maíra Acayaba, Cristobal Palma, Hugo Segawa, Rogério Assis, Severiano Porto, Gonzalo Renato Nuñez Melgar, Luciano Spinelli, Daniel Ducci, Juscelino Simões, Jean Dallazen, Carlos Blau, Antônio Junqueira, José Afonso Portocarrero e Ruy Tone.
A exposição conta ainda com a apresentação do filme Cidade ameríndia e metrópole neoindígena, dirigido por Isa Ferraz Grinspum.
Confira alguns dos projetos apresentados, no final da repostagem.
Amazônia em construção: a arquitetura dos rios voadores
Data de 19 de julho a 03 de agosto
Abertura de segunda a sexta-feira, das 12 às 17h
Local Maison du Brésil, Cité Universitaire
Endereço 7 L Boulevard Jourdan 75014 Paris, France
*A entrada é gratuita
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