No próximo 22 de maio, Lina recebe Leão de Ouro em Memória

A homenagem póstuma reconhece a multiplicidade de talentos da arquiteta brasileira e será concedida durante a abertura da 17ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, marcada para o próximo sábado (22)

Lina Bo Bardi © Bob Wolfenson / Cortesia Instituto Bardi

 

A arquiteta, designer, cenógrafa, artista e crítica ítalo-brasileira, Lina Bo Bardi, receberá o Leão de Ouro Especial em Memória concedido pela 17ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza durante a cerimônia de abertura do evento, que acontece no próximo sábado (22). A comenda reconhece sua carreira de prestígio, desenvolvida entre Itália e Brasil, além de sua imensa contribuição como arquiteto facilitador da sociabilidade.

Segundo nota oficial emitida pelo boletim da Bienal, no último 8 de março – quando se celebra o Dia Internacional da Mulher -, a premiação póstuma é “uma homenagem à mulher que simplesmente representa o arquiteto no seu melhor sentido”.

O prêmio foi proposto por Hashim Sarkis – arquiteto libanês, professor e decano da Escola de Arquitetura e Planejamento do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, além de curador da presente edição do evento –, sendo imediatamente aceito pelo Conselho de Administração da Bienal.

 

Se há uma arquiteta melhor do que qualquer outra para representar o tema da Bienal de Arquitetura de 2021, esta é Lina Bo Bardi. Sua carreira como designer, editora, curadora e ativista nos lembra o papel do arquiteto como coordenador (organizador) e, mais importante, como criador de visões coletivas. Lina também protagoniza a tenacidade do arquiteto em tempos difíceis – sejam eles marcados por guerras, conflitos políticos, imigração – com ilustre capacidade de preservar criatividade, generosidade e otimismo em todas as circunstâncias”, exclama Sarkis.

 

Ainda de acordo com o site da Bienal, nascida em Roma, em 1914, Lina Achillina Bo graduou-se em arquitetura pela Universidade de Roma, em 1939, quando mudou-se para Milão. Com o escritório destruído pela Segunda Guerra Mundial, Lina, ao lado de Bruno Zevi, fundou a revista A Cultura della Vita. Ao conhecer o crítico e historiador de arte Pietro Maria Bardi, através do Partido Comunista Italiano, do qual integrava, mudaram-se para o Brasil, onde experimentou novas influências a serem posteriormente incorporadas pelo seu trabalho, resultando no reconhecido conjunto de sua obra.

Dentre os amplos feitos projetuais de Lina, destacam-se edifícios que, a partir da combinação entre arquitetura, natureza e comunidade, tornam-se efetivamente espaços de arte social capaz de promover o encontro. Conforme o boletim oficial, “o maior exemplo dessa atitude é o projeto do Museu de Arte de São Paulo (MASP)”, emblemático pela capacidade de criar um espaço público para a cidade e espaços interiores flexíveis e democráticos de socialização – além do Museu, é de sua autoria os emblemáticos Sesc Pompéia, Casa de Vidro e Teatro Oficina (com o arquiteto Edson Elito), em São Paulo, além do Solar do Unhão, Casa Chame-Chame, em Salvador, e outros.

 

 

Diante da honraria, o brasileiro Instituto Bardi declarou:

“Agradecemos à Bienal de Veneza por sua visão em reconhecer hoje uma mulher generosa e multifacetada que alcançou tantas pessoas na vida e continuará sendo uma inspiração para muitas gerações vindouras.

Na sua vida e através do seu extraordinário trabalho, Lina Bo Bardi enfrentou constantemente a questão central da Mostra Internacional de Arquitetura deste ano – ‘Como viveremos juntos?’  [‘How will we live together?’]. Infelizmente, conforme tem acontecido com os espaços públicos em todo o mundo, a pandemia global minou a fruição de lugares icônicos que ela projetou no Brasil e que serviram comunidades e cidadãos por décadas. Neste sentido, a recepção deste prêmio reafirma a responsabilidade do Instituto Bardi em transmitir ao público a importância do acervo e do trabalho desenvolvido pelo casal Bardi ao longo da vida, animando assim um discurso significativo sobre a função social do espaço construído.

Esperamos que a edição de 2021 da Bienal de Arquitetura, ao invés de aumentar a popularidade de Lina Bo Bardi como um ícone da arquitetura, ajude a contextualizar e comunicar ainda melhor a profundidade de sua visão crítica do mundo: sempre cuidando daqueles culturalmente menos representados, e ciente da importância da diversidade na arte e na arquitetura, comprometida com uma abordagem multidisciplinar da arquitetura que reúne pessoas de todas as esferas da vida.

O Leão de Ouro Especial de 2021 ressoa com o impacto das próprias palavras do arquiteto: ‘a vida e a obra de Lina Bo Bardi não pertencem ao passado, mas definitivamente ao presente. Na verdade, eles parecem mais relevantes do que nunca, como um símbolo do patrimônio arquitetônico e humano’”.

 

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Bienal de Arquitetura de Veneza