CAU/DF: ação enaltece presença de arquitetas negras e pardas no setor

Por meio de postagens nas redes oficiais do Conselho, a ação “Arquitetas Inspiradoras” busca evidenciar a importante atuação dessas profissionais no cenário local e nacional. Acompanhe!

O projeto “Arquitetas Inspiradoras”, idealizado pela Comissão de Equidade de Gênero do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF), propõe oferecer maior visibilidade e, consequentemente, maior valorização a trajetória e experiências profissionais de arquitetas e urbanistas negras e pardas que se destacam no cenário local e nacional.

O início da série de postagens nas redes sociais do Conselho (@caudfoficial), em 7 de agosto, trouxe a arquiteta e urbanista Thaís Nara que, graduada em 2013 pela Universidade de Brasília (UnB) – com um ano de estudo na FADU-UBA (Buenos Aires) -, desde 2016 está à frente do Studio Brava: “Como mulher negra, encaro as diversas facetas do racismo dentro e fora da empresa. Numa profissão elitizada baseada em privilégios, a inserção e ascensão da pessoa negra no mercado é impedida e o reconhecimento inexistente”.

A segunda postagem, em 10 de agosto, convidou a arquiteta e urbanista Kariny Nery. Formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (FAU/UnB), em 2018, é cofundadora do “Coletivo Da Cei Eu Sei”, que se propõem a transformar o espaço público por meio do urbanismo tático e da participação comunitária na Ceilândia. Atualmente, atua como autônoma e desenvolve projetos de reforma pela Lei de Assistência Técnica em São Sebastião (DF) e Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab).

Segundo relata, “não basta apenas reconhecer que existem arquitetas negras. É necessário reconhecer o trabalho exercido por elas e, acima disso, reconhecer tudo que impede essas arquitetas de ocuparem locais de prestígio. A romantização do empreendedorismo aplicado a escritórios de arquitetura desconsidera as barreiras de oportunidade. Ser autônoma não foi uma escolha; foi a saída encontrada após várias negativas em entrevistas de trabalho”.

Além de comemorar continuadamente o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha (todo 25 de julho), a ação “Arquitetas Inspiradoras” é uma resposta local e imediata do CAU/DF aos dados obtidos pela Comissão Temporária de Equidade de Gênero (CTEG) do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) no 1º Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo, publicado no último dia 30 de julho durante a 103ª Plenária Ordinária [saiba mais em Revista PROJETO].

Segundo o Diagnóstico, números extraídos do SICCAU revelam que, de todos os arquitetos e arquitetas e urbanista ativos, as mulheres são maioria em todos os estados brasileiros, sendo que, em 22 deles, o percentual aumentou ainda mais no último ano. Do total dos entrevistados na pesquisa, quase 80% são brancos; 13,81% pardos; 4,33% negros; 1,75% orientais e 0,21% indígenas.

Dentro de cada recorte racial, o levantamento os relacionou a tipos de assédio (sexual e moral); violência sexual e discriminação de gênero no trabalho, revelando a maior inequidade de todo o diagnóstico: 59% das mulheres negras entrevistadas declararam sofrer discriminação de gênero, contra 8% dos homens brancos; 47% delas foram assediadas moralmente e 21% enfrentaram o assédio sexual, designado como “qualquer ato sexual ou tentativa de obtenção de ato sexual por violência ou coerção, comentários ou investidas sexuais indesejadas”.

Assim, “Arquitetas Inspiradoras” surge como uma reação às evidências do Diagnóstico, buscando conferir maior visibilidade ao trabalho de arquitetas e urbanistas mulheres, que lutam para ter trabalho e espaço reconhecidos pelo meio de atuação e sociedade, independentemente da cor de pele.

A sequência de postagens continuará sendo publicada nos próximos dias para enaltecer arquitetas e urbanistas negras e pardas com atuação no Distrito Federal. Não deixe de acompanhar no @caudfoficial.