Neste mês de março, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) tornou público o hotsite ‘Mulheres na Arquitetura e nas Cidades’, mais um passo na tentativa de mitigar as diferenças encontradas na prática profissional arquitetônica entre homens e mulheres no Brasil. O portal é, na verdade, um local de compilação das diversas ações já produzidas pelo Conselho e uma ferramenta de fomento das vindouras iniciativas também em prol da equiparação de gênero na Arquitetura e Urbanismo nacionais – como próximos eventos on-line.
Neste Mês da Mulher, por exemplo, especificamente em 19 de março, será realizado o 2º Ciclo de Debates Cidades Inclusivas para as Mulheres, com o título ‘Mulheres: Da casa à cidade – Direitos e cidadania em tempos de pandemia’, modulado em três debates: “Mulheres, casas e cidades: além do limiar”, “A importância dos parques para o cotidiano das mulheres ” e “Cartografia da Covid19 e a mulher no DF”. A programação ainda será confirmada.
Ações anteriores – a pauta do feminino no CAU
Em 2018, o Conselho se tornou signatário dos Princípios de Empoderamento das Mulheres, nome para uma plataforma da ONU Mulheres e iniciativa do Pacto Global em promoção à equidade de gênero. A adesão ao documento rendeu à entidade uma série de medidas, variadas em escala, em favor de atenuar diferenças na prática de arquitetura e urbanismo no Brasil.
- Em março de 2019, o CAU/BR apresentou um panorama acerca da presença feminina no setor, majoritária e crescente – atualmente, do total registrado no Conselho, 64% mulheres e 36% homens -, porém com baixa representatividade nas instâncias decisórias de entidades profissionais.
- Em maio do mesmo ano, até abril de 2020, foi instituída a Comissão Temporária para a Equidade de Gênero – CTEG e, entre agosto a dezembro de 2020, a Comissão Temporária de Política para a Equidade de Gênero – CTPEG, ambas coordenadas pelas atuais Presidente e Vice-Presidente do CAU/BR, Nadia Somekh e Daniela Sarmento;
- Entre marços de 2019 e 2020, realizou o I Ciclo de Debates “Mulheres na Arquitetura – Cidades Inclusivas para as Mulheres”, promovidos pelos CAU/UFs, em 8 etapas, nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Sergipe, Bahia e Ceará;
- Entre dezembro de 2019 e março de 2020, realizou a pesquisa ‘Equidade na Formação’, junto à Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FeNea), em fase de tabulação;
- Em agosto de 2020, publicou o 1º Diagnóstico de ‘Gênero na Arquitetura e Urbanismo’, segundo levantamento feito entre julho de 2019 a fevereiro de 2020 que, em resumo, apontou para a urgência de se efetivar políticas e ações que primem pela igualdade em todas as instâncias da Arquitetura e Urbanismo – como já se imaginava, frente ao retrato da desigualdade de gênero que caracteriza a sociedade brasileira. Além disso, conforme indicaram 82% das mulheres e 65% dos homens entrevistados, a solicitação foi para que o CAU/BR, portanto, permaneça tomando medidas para tal equiparação.
- Para enfatizar a presença feminina no setor, determinou 31 de julho o Dia Nacional da Mulher Arquiteta e Urbanista;
- Em dezembro de 2020, foi lançado o vídeo ‘Equidade no COTIDIANO da Arquitetura e Urbanismo’, dirigido pela cineasta e arquiteta e urbanista Denise Vieira, bem como aprovada, pelo Plenário do CAU/BR, a Política do CAU para a Equidade de Gênero, estruturada em seis eixos, a partir do histórico de ações elencadas e de uma rede de mulheres e homens dispostos à promoção de equidade entre gêneros:
- Equidade no COTIDIANO da Arquitetura e Urbanismo;
- Equidade na HISTÓRIA da Arquitetura e Urbanismo;
- Equidade na FORMAÇÃO em Arquitetura e Urbanismo;
- Equidade na PRÁTICA em Arquitetura e Urbanismo;
- Equidade na POLÍTICA da Arquitetura e Urbanismo;
- Equidade no CONSELHO de Arquitetura e Urbanismo.
Eleições CAU/2020: cresce a representatividade das mulheres
Não se pode deixar de citar o panorama das últimas eleições do CAU, ocorridas em 2020 para o presente triênio (2021-2023), quando se apresentaram três chapas integralmente femininas em diferentes estados. Além da Chapa 1, CAU+Plural, de São Paulo – que, na votação de 2020, registrou a maior participação de arquitetas e arquitetos na história do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), e apresentou, pela primeira vez, uma chapa com quase 40% dos votos válidos -, participaram do pleito a Mais Arquitetas (Chapa 2), de Santa Catarina – com vitória por 40,5% dos votos -, e a Elas por Todos (Chapa 3), do Mato Grosso do Sul, como segunda mais votada, elegendo as únicas três mulheres aos cargos de conselheiras titulares no CAU/MS.
Em comum, o trio apontou como histórico a pluralidade de composição colaborativa, com objetivos que convergem para, dentre outros, equidade de gênero, racial e social na profissão. Em trecho retirado do Plano de trabalho da Chapa 2 Mais Arquitetas (SC), o grupo explicava acerca da representação dos 61% de profissionais mulheres registradas em Santa Catarina, e, por esse motivo, pontuando como propósito “ampliar a representatividade feminina no Conselho (…) plenamente atuante, que busque transformar a sociedade e a cidade para tornar a Arquitetura e o Urbanismo uma profissão mais respeitada e reconhecida”.
Os frutos renderam ainda a eleição de Catherine Otondo como primeira mulher presidente do CAU/SP, e a inédita presidência feminina do CAU/BR, assumida por Nadia Somekh neste último mês de janeiro.
É justo pontuar que, no âmbito do Colegiado das Entidades Nacionais de Arquitetos e Urbanistas (CEAU), os percentuais de mulheres em cargos de direção também cresceram entre 2019 e 2021. De acordo com o levantamento anterior, somente a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP) e a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) tinham maiorias femininas. Neste ano, três das seis entidades são majoritariamente compostas por mulheres; e duas estão equiparadas.
É digno recordar que, em setembro de 2020, a Direção Nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), após quase um século de existência, passou a ser representada por uma presidenta, a arquiteta e urbanista Maria Elisa Baptista, também primeira mulher a ocupar o cargo.
Considerando IAB e CAU/BR, o cenário atual comporta, portanto, cinco das seis entidades do CEAU presididas por mulheres – a saber: Eleonora Mascia, na FNA; Ana Maria Goes Monteiro, na Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA); Francieli Schallenberger, na Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (FeNEA); e Luciana Schenk, na ABAP.
Condecorações no setor
Nessa mesma linha de reconhecimento de arquitetas e urbanistas, Rosa Kliass foi a primeira mulher condecorada com o Colar de Ouro do IAB (2019), desde a criação da comenda, em 1967. Em 2020, foi a vez de Dora Alcântara, segunda mulher a receber a tal principal honraria da entidade.
Já em outubro do mesmo ano, Erminia Maricato destacou-se pelo recebimento da Medalha de Ouro da Federação Pan-americana de Associações de Arquitetos (FPAA), maior ofertada pela entidade, juntamente a mais duas brasileiras premiadas na edição: Dora Alcântara (Docência) e Margareth Aparecida Campos S. Pereira (Pesquisa e Teoria).
* Com informações divulgadas pelo CAU/BR
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