Foto: Reprodução / Agência O Globo
Após permanecer internado por cerca de um mês em um hospital na capital fluminense, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral, morreu nessa segunda-feira, 27 de agosto, naquela cidade, o arquiteto Paulo Casé. Nascido no Rio de Janeiro em 1931, Casé formou-se em 1958 na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil e, desde o início da carreira, mostrou-se um profissional inquieto tanto ao projetar como manifestando opiniões que, na maior parte das vezes, fugiam do lugar comum.
No mesmo ano de sua formatura, Casé fundou – em sociedade com o arquiteto Luiz Acioli, que anos depois foi desfeita – o escritório que projetou importantes edificações em diversas cidades brasileiras. Em São Paulo, uma destas é o edifício Asahi/Banco de Tóquio, localizado no número 1274 da avenida Paulista; no Rio de Janeiro, está uma pérola dessa produção: a Capela Union Church, que fica às margens da Lagoa de Marapendi, na Barra Tijuca; e, em Brasília, a sede da Confederação Nacional do Comércio. Entre as décadas de 1990 e 2000, os edifícios de hotelaria ocuparam boa parte do portfólio de projetos do escritório
Ao comentar a morte do pai, seu filho, o produtor de cinema Augusto Casé, destacou o afeto que o arquiteto e urbanista manifestava pela cidade onde nasceu. Augusto contou ao jornal O Globo que o Paulo Casé foi uma pessoa que viajou o mundo inteiro. “Isso, numa época em que não se viajava tanto. Até pela própria profissão, ele teve a oportunidade de conhecer, de vivenciar outros lugares. Conheceu milhares de lugares, mas sempre dizia que o melhor lugar é o Rio”, afirmou.
Em entrevista concedida à PROJETO (edição 282, de agosto de 2003 ) Casé admitiu que, como a maioria dos colegas de geração, ele tinha Lucio Costa, Sérgio Bernardes e Oscar Niemeyer como gurus, mas era a arquitetura de Frank Lloyd Wright que fazia realmente a sua cabeça. Também contou que escolheu cursar arquitetura por acaso. “Nunca tive tendência para desenho nem para arquitetura. Sempre fui assíduo frequentador da praia de Copacabana, não me dedicava muito aos estudos”, reconheceu.
“Quando terminei o serviço militar, fiz o terceiro colegial à noite e tinha o dia todo para ir à praia. No colégio, um colega disse que ia fazer vestibular para arquitetura. Eu nem sabia o que era isso. Fiquei espantado quando ele me explicou que era uma prova com toda a matéria do colegial. Eu já achava difícil passar por um ano de cada vez. Também na praia encontrei um amigo, levantador de peso, e perguntei o que ele estava fazendo. Fiquei mal quando o brucutu disse que tinha passado em engenharia. Quando me perguntou o que eu ia fazer, respondi a primeira coisa que me veio à cabeça: arquitetura”, recordou.