Apaixonados por Arquitetura: os principais recortes do segundo dia de evento

A iniciativa conjunta entre Revista PROJETO e Galeria da Arquitetura promoveu nesta quinta-feira (8/10) o encontro de uma parcela ilustre de nomes da arquitetura brasileira contemporânea. Confira os detalhes!

Nesta quinta-feira (8/10), o Apaixonados por Arquitetura – uma iniciativa realizada pela parceria entre Revista PROJETO e a plataforma Galeria da Arquitetura, no que já se configura como o maior e mais proeminente evento do setor deste ano atípico, congregou em formato on-line seis grandes nomes nacionais para fomentar os amplos sentidos da comunidade arquitetônica pela profissão, oferecendo conteúdo, inspiração, especificação e networking por meio de debates abrangentes.

A sequência de hoje deu continuidade ao encontro da última quarta-feira [saiba aqui como foi] e trouxe a participação especial de Marcio Kogan, Diana Radomysler, Fernanda Barbara, Fábio Valentim, Miguel Pinto Guimarães e Sávio Jobim (representando Carolina Bueno). Conduzidos pelo eixo temático da iniciativa, tais profissionais expuseram aquilo que acreditam ser suas possíveis contribuições na área, demonstrando trabalhos recentes e icônicos autorais e também as próprias referências e inspirações. As conversas, moduladas em 45 minutos cada, contaram com introdução, abordagem livre de até 25 minutos e o restante aberto a perguntas variadas feitas por Evelise Grunow, Editora Executiva da PROJETO, Fernanda Strazzacappa, Gerente de Conteúdo da Galeria e, obviamente, pelos ouvintes.

Inaugurando a tarde, a dupla Marcio Kogan e Diana Radomysler apresentou uma seleção de projetos recentes assinada pelo Studio MK27, no qual figuram, respectivamente, como fundador e diretora de uma extensa e consagrada produção. Ao perpassarem por diferentes escalas e áreas criativas – incluindo a cinematográfica, segunda especialidade de Kogan e qualidade notória conferida ao escritório, o conteúdo exposto evidenciou o caráter de valorização à simplicidade formal, ao extremo cuidado, à atenção aos detalhes e à incorporação sinestésica que acompanham os projetos, frutos do equilíbrio entre tais elementos . No que diz respeito ao desenvolvimento do processo projetual e a chegada em resultados de agrado, a dupla pontua depender de uma equipe estritamente pensante, com “alto nível de obsessão pelo detalhe”.

Já para o consumidor final, mais especificamente à fase de explanação das ideias e aceite dos clientes, o escritório trabalha com uma equipe específica que elabora apresentações nos mais variados formatos – maquetes, renders, filmes e outros – justamente para materializar, ao máximo, da virtude sinestésica das obras. “Dessa forma fazemos com que o projeto seja sentido da melhor forma possível”.

A próxima dupla de convidados, Fernanda Barbara e Fábio Valentim, tomou a frente para discorrer sobre o histórico de formação de suas carreiras, aplicadas, desde sempre, nas esferas projetual e acadêmica. Os arquitetos refletiram, junto ao público, a respeito da concomitância entre o início de suas trajetórias profissionais aos tempos de guinada do setor construtivo da capital paulista, local identificado como a matriz das questões que pautam seus trabalhos. “Uma das maiores regiões metropolitanas do mundo, a cidade [de São Paulo] tem sido o território de reflexões, com desenvolvimento de projetos, edifícios residenciais, grandes equipamentos e espaços públicos, além de projetos efêmeros, especialmente para exposições de artes visuais”.

Para exemplificar tal pluralidade, a dupla destacou, dentre os projetos apresentados, aquele que se destina ao Sesc Parque Dom Pedro II, no Centro Histórico de São Paulo. A rica contribuição da proposta, por anos em processo de maturação, vem para substituir a unidade provisória da sede do centro cultural já implantada no local, vislumbrando, assim como destacado por Barbara, “transformar positivamente o entorno”. Neste sentido, a arquiteta complementa:

Se por um lado aquele é um lugar menos aprazível hoje, ainda se figura como um ponto de enorme fluxo para a cidade. Entendemos que o Sesc será um prédio de transformação positiva para as partes do Centro, que hoje se encontram tão desconectadas. A proposta, atenta, sobretudo, em não retirar os que utilizam o local hoje em dia, chamará a atenção do poder público para esse espaço de cidade”.

Em seguida, Miguel Pinto Guimarães, fundador do paulistano e carioca MPGAA Arquitetos, ao levantar perspectivas acerca de sua própria trajetória no campo arquitetônico, compartilhou das mesmas opiniões da dupla UNA BV, no sentido de que a “arquitetura deve ser pensada para o bem da coletividade”. Recentemente, Miguel lançou-se na empreitada empreendedora, ao lado de Sergio Conde Caldas, e, juntos fundaram a Opy, uma incorporadora que deseja oferecer projetos ainda não ofertados pelo mercado imobiliário do Rio de Janeiro, onde, entretanto, encontra-se ampla demanda por propostas não usuais

“Temos um compromisso com arquitetura e com o bem viver – algo que o empreendedor imobiliário não oferece, ou ainda, em casos afirmativos, usa apenas como artifícios para simplesmente comercializar os empreendimentos.  Nós buscamos o melhor de cada espaço e, por isso, abrimos mão de parte de margens de lucro para buscar esse sucesso projetual. Em contrapartida, tentamos compensar com inteligência, oferecendo propostas racionais, por exemplo, ou especificando produtos de parcerias com fornecedores importantes. No final, ainda conquistamos uma liberdade para projetar que não tem preço”.

Para concluir o evento dessa quinta-feira, o diretor de criação do escritório franco-brasileiro Triptyque, Sávio Jobim, ao discorrer sobre icônicos projetos da história do escritório, pontuou aspectos intrínsecos à trajetória desta gigante formação arquitetônica, levantando fundamentos e diretrizes projetuais que dão tom aos trabalhos do escritório. Dentre muitos, o destaque foi para a vasta aplicação da madeira na estruturação dos projetos.

A Triptyque tem 20 anos de existência e, para nós, é sempre interessante observar como se deu esse processo de evolução. A conduta do escritório sempre foi muito esclarecida, pois desde o começo se falava em seguir pelo viés sustentável – assunto que, naquela época, ainda era muito recente. Hoje vemos tal conceito biofílico enraizado em todos os nossos processos de incorporação. (…) Também entendemos que, conforme as dificuldades sofridas anteriormente, no que diz respeito ao cruzamento da fronteira para se preferir o que é sustentável, estamos na virada de incorporação, como matriz construtiva, da madeira em detrimento ao concreto”.

Quanto ao Apaixonados por Arquitetura, vale salientar que este foi o fim apenas do primeiro momento da extensa programação do evento, formatada em dois dias de encontros seguidos. Nas próximas semanas, o roteiro também será integrado por “lives-satélites” junto a patrocinadores e outros arquitetos e projetistas para abordagem de produtos e seus aspectos técnicos. Não deixe de acompanhar!

Assista na íntegra ao encontro de 8/10