Apaixonados por Arquitetura: os principais recortes do primeiro dia de evento

A iniciativa conjunta entre Revista PROJETO e Galeria da Arquitetura promoveu nesta tarde de quarta-feira (7/10) o encontro de parte dos ilustres nomes da arquitetura brasileira contemporânea. Saiba como foi!

Com estreia hoje (7/10), o primeiro dia do Apaixonados por Arquitetura, realizado pela parceria entre Revista PROJETO e a plataforma Galeria da Arquitetura, no que se considera o maior e mais proeminente evento do setor deste ano atípico, reuniu virtualmente seis grandes nomes nacionais para fomentar os amplos sentidos da comunidade arquitetônica pela profissão, oferecendo conteúdo, inspiração, especificação e networking através de debates abrangentes.

Nesta quarta-feira, o encontro contou com a participação de Angelo Bucci, Arthur de Mattos Casas, Luiz Eduardo Índio da Costa, Fenando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz que, através da temática condutora, expuseram aquilo que acreditam ser suas possíveis contribuições na área, demonstrando trabalhos recentes e icônicos autorais e também suas próprias referências e inspirações. As conversas, moduladas em 45 minutos cada, contaram com introdução, abordagem livre de até 25 minutos e o restante aberto a perguntas variadas feitas por Evelise Grunow, Editora Executiva da PROJETO, Fernanda Strazzacappa, Gerente de Conteúdo da Galeria da Arquitetura e, obviamente, pelos ouvintes.

Hoje, abrindo o encontro, Angelo Bucci, fundador e diretor do paulistano spbr arquitetos, trouxe consigo a apresentação de alguns dos recentes projetos que marcam sua carreira multidisciplinar no que diz respeito aos variados usos aos quais o arquiteto se debruça. Dentre eles, menciona-se aqui a Residência no Jardim Europa, e, como recém-inaugurado, o Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo, eleito pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2019, a melhor obra de arquitetura do Estado de São Paulo.

Como destaque à ampla contribuição de Bucci, destaca-se sua generosa forma de apresentar criações através do desenho, colocando tal forma de representação como uma ferramenta efetiva de registro de conversas que, tornam-se, ao final, um dos possíveis entendimentos do processo criativo. Neste sentido, ao ser questionado sobre as dificuldades em manter a essência de uma ideia durante o processo projetual, o arquiteto pontua:

Em primeiro lugar, vejo como um tipo de atenção ao que é essencial, ao que estrutura a proposição arquitetônica em cada caso. Todo o projeto tem uma ordem hierárquica no sentido de desenho (…). Não descaracterizar uma ideia ao longo de tantas considerações ao longo do processo liga-se com o acordo bem estabelecido entre o solicitante do projeto e a equipe que irá desenvolvê-lo – onde ninguém vai se surpreender, mas somar num propósito único. Assim, o propositor quer apenas viabilizar, do melhor modo, a essência que lhe deram e, para que uma ideia persevere, ela precisa ir se provando válida, efetiva, reafirmar-se como melhor proposta. Uma das formas é pelo desenho”.

Sequenciando Bucci, o arquiteto Arthur Casas, fundador do Studio que carrega seu nome, também compartilha da vocação múltipla de atuação profissional, defendida e justificada, pelo próprio arquiteto, a partir do conceito de Gesamtkunstwerk aplicado à arquitetura, aproximando as diversas escalas possíveis de projeto pela complementação que estabelecem necessariamente entre si.

De acordo com Casas, a principal preocupação condutora de suas propostas diz respeito às relações que serão estabelecidas entre criação e meio, com o intuito de “não ferir a paisagem existente”. Ainda sobre questões de elaboração projetual, o arquiteto pontua sobre o compartilhamento das ideias com toda uma equipe de trabalho. “Há projetos que eu quero desenhar sozinho, mas em outros o trabalho em equipe é fundamental, e os envolvidos, muitas vezes, nem são arquitetos de formação”.

Após Casas, o terceiro convidado da tarde, o arquiteto Luis Eduardo Índio da Costa, iniciou sua apresentação examinando o próprio tema que nomeia o evento.

A primeira pergunta feita pelos organizadores pedia para que eu explicasse como sou apaixonado por arquitetura. É difícil. Acho que paixões que se explicam, tornam-se racionais, portanto perdem o sabor, o ineditismo e a força emocional que carregam. Por isso eu não sei exatamente dizer o porquê do meu sentimento pela arquitetura, mas consigo explicar, muito simplistamente, que eu sempre me interessei por arte, em especial pela pintura, mas que a arquitetura foi uma forma, mais ou menos natural, de personalizar algo que me dava prazer. É uma paixão que me dá muita alegria e muito ânimo de continuar”.

Neste sentido, Índio da Costa complementa que, em sua carreira, “cada projeto é uma emoção” e que “não adianta esperar cair no colo uma oportunidade incrível de projeto, tem é que transformar cada um deles em uma oportunidade incrível de projeto”.

Encerrando o encontro, os sócios fundadores do escritório paulistano FGMF – Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz – compartilharam com os participantes acerca da trajetória profissional que os uniu nessa empreitada dirigida a três. Autores de inúmeros projetos de sucesso, nacionais e internacionais, têm se aplicado à produção vasta no que diz respeito a usos, escalas e técnicas construtivas – explanado com mais detalhes na apresentação feita por Marcondes Ferraz nesta quarta-feira.

O trio foi ainda questionado quanto às dificuldades (se existentes) de tomar decisões projetuais compartilhadas por três dirigentes. “Ao longo do tempo, desenvolvemos uma capacidade de comunicação muito grande, e isso é fundamental. Sempre temos discussões construtivas e que vêm para expandir as nossas próprias linhas de pensamento individual e, cada vez mais, temos a necessidade de uma equipe complementar de arquitetos que opine e não somente exerça funções ‘braçais’. Nosso objetivo é abrir ainda mais as direções de pensamento”, explicou Lourenço Gimenes. Em complemento, Fernando Forte afirmou: “Tivemos uma grande sorte de termos começado a projetar juntos quando éramos estudantes ainda. Ninguém sabia nada e isso nos ajudou a sermos democráticos na criação, de verdade (…). Quando chegamos numa encruzilhada do projeto, temos sempre uma terceira opinião. Um defende para o outro o que queremos”.

Assista na íntegra ao encontro de 7/10

 

Vale salientar que, amanhã (8/10), o Apaixonados por Arquitetura segue para o segundo dia de programação especial com a presença de Marcio Kogan, Diana Radomysler, Fernanda Barbara, Fábio Valentim, Miguel Pinto Guimarães e Carolina Bueno. Nos próximos dias, o roteiro também será integrado por “lives-satélites” com patrocinadores e outros arquitetos e projetistas para abordagem de produtos e seus aspectos técnicos. Não deixe de participar!

Apaixonados por Arquitetura
Datas
 7 e 8 de outubro de 2020
Horário  14h às 18h
Inscrições  via  apaixonadosporarquitetura.com.br
Realização  Galeria da Arquitetura e Revista PROJETO