© Acervo Casa da Arquitectura

Acervo de Lucio Costa é doado à Casa da Arquitectura, em Portugal

Cerca de 11 mil documentos do arquiteto seguem à instituição cultural, em Matosinhos, que também já possui a salvaguarda da coleção de Paulo Mendes da Rocha

Foi endereçado à instituição portuguesa Casa da Arquitectura o espólio de aproximadamente 11 mil documentos de Lucio Costa, o reconhecido arquiteto modernista que, dentre os feitos, assinou Brasília.

Os documentos, como cartas, fotos de família, filmes, croquis, estavam abrigados desde a morte do arquiteto, em 1998, no Instituto Antonio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro, local que passou por reestruturação jurídica, há dois anos, culminando na consideração de inviabilidade financeira à manutenção do acervo, que requereria, por exemplo, de seguro obrigatório.

A mudança para Matosinhos, cidade sede da Casa da Arquitectura, considera, entretanto, que os documentos permaneçam íntegros, preservados fisicamente e difundidos sem restrição, com acesso através do site da instituição, ou presencialmente por pesquisadores – esse último como novidade, pois em solo carioca não se podia ter contato físico com o acervo.

 

No Brasil não tem nenhum lugar com essa infraestrutura, reserva técnica, capacidade de treinamento e esse cuidado com o acervo”, explica à Folha de S. Paulo, Julieta Sobral, neta do arquiteto e responsável por gerir a transferência.

 

 

Embora cuidadosa quanto ao resguardo e à disponibilização do acervo indiscriminadamente, a mudança prevê críticas, assim como aquelas acontecidas no recebimento dos documentos de Paulo Mendes da Rocha, em 2020, doados por ele próprio. “O que Lucio fez é do mundo. Espero que novos arquitetos não precisem fazer esse movimento e, se precisarem, que encontrem a acolhida que encontrei”, continua Sobral.

Também dirigido à Folha de S. Paulo, o diretor-executivo da Casa da Arquitectura, Nuno Sampaio, afirma: “Quando tu vais a um museu, a obra está no museu. Quando tu vês acervo de arquitetura, vês representações; tudo isso ganha importância quando é ordenado, tratado, inventariado e disponibilizado para que outros consigam estudar os processos”.