Em Atibaia (SP), no último período de 14 a 17 de junho, a 49ª Convenção AsBEA comemorou com louvor os 50 anos da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, sob o prestígio de cerca de 150 arquitetos e urbanistas de todo o território brasileiro (um recorde de contingente no histórico do evento), em unicidade ancorados pela já histórica prática da associação em compartilhar atuações profissionais, fortalecer os interesses da classe e atentar-se às projeções que passarão a abarcar o papel do arquiteto e dos escritórios de arquitetura em solos nacional e internacional.
Para mim ultrapassa todas as expectativas e sonhos mais loucos dos fundadores da AsBEA – eu sou o que sobrou deles (risos), mas garanto o que pensavam na época. Nunca se imaginou que a entidade alcançasse a dimensão e a proporção que tem hoje. Isso já é, em si, um fato maravilhoso!”, exclamou Alberto Botti, 92 anos, do Botti Rubin Arquitetos, fundador da AsBEA e presente na 49ª Convenção Nacional.
A edição fundamenta, portanto, mais um passo à histórica prática de comprometer-se como verdadeiro coletivo de escritórios – ora, o contexto da fundação da AsBEA, em 18 de junho de 1973, foi justamente o da necessária representatividade dos escritórios brasileiros de arquitetura e urbanismo em meio ao “milagre econômico” do Brasil nos anos 70 e que, até meados da década de 1980, atuou como ente federal, dando importante passo institucional a partir da criação de departamentos que passaram a se aprofundar em suas pautas específicas, e novamente em conjunto, organizar e dar vazão às questões compartilhadas nacionalmente.
Entendemos essa série de núcleos como um único grupo, que compartilha de desafios semelhantes, assim como de interesses. As trocas, sobretudo nesses momentos de encontro durante as convenções, são valiosas para esse raciocínio histórico do fortalecimento como classe”, corrobora Marcelo Barbosa, sócio fundador da Bacco Arquitetos Associados.
Tal qual é a importância da visão holística para a solidez da profissão até aqui que conduziu para o abrangente tema dessa edição comemorativa: ‘Arquitetura do Amanhã’, como ponto de partida para direcionar prospecções da atividade arquitetônica, ao passo em que considera o histórico da prática um aprendizado ao setor. Definida por Milene Abla, presidente da AsBEA-SP (2021 a 2023), que assumiu junto à atual diretoria da AsBEA-SP a tarefa de organizar a 49ª convenção junto a colaboradores de demais regionais da entidade , a pauta intenciona pensar no cenário que percorrerá a profissão nos próximos 50 anos da entidade, referenciando-se em discussões propositivas de festivais nacionais e internacionais do setor, e abrangendo os desafios atuais, as crises sobre crises, e as interferências sobre a sociedade, a ampliação do espectro de seus valores e os modos de relacionar-se com os espaços. “Sob a perspectiva da arquitetura enquanto expressão sociocultural, é preciso compreender como todos esses fatos influenciam e são influenciados pelo exercício da profissão”, já aludia a chamada para o evento.
Durante quatro dias, foram promovidas palestras inseridas em um vasto programa de atualização profissional, junto de cerca de 30 ministrantes especializados nos assuntos em voga, de múltiplas faixas etárias e atuações, e que permearam por tecnologias aplicadas, sustentabilidade, dinâmicas de escritórios, ressignificação e coesão urbana e do espaço construído, interrelações entre arquitetura e expertises afins, ancoradas em pesquisas, produções autorais, posicionamentos críticos e incessantes debates.
Estiveram no palco da 49ª Convenção: Roberto Aflalo Filho (aflalo/gasperini arquitetos), Lilian Dal Pian (Dal Pian Arquitetos), Daniel Toledo (Konigsberger Vannucchi Arquitetos Associados), Sander Troost (gmp Architekten), Pablo Slemenson (PSA Arquitetura), Ariadne Daher (Jaime Lerner Arquitetos Associados), Paula Zasnicoff (Arquitetos Associados), Cristiane Muniz (UNA MUNIZVIEGAS), Anna Juni (vão), Edison Lopes (ArGis Arquitetura), Alexandre Kuroda (Arqgen), Evelyn Muller e Ana Mello (Conafarq – Coletivo Nacional de Fotógrafas/os de Arquitetura), Camila Sanvito e Cristina Martins (Ideia1 Arquitetura), Juliana Marques, Coriolano Lacerda (ZAP+, OLX Brasil), Eloise Amado, Sonia Lopes, Felipe Salgado (KPMG Consultoria), Poliana Menezes, Hamilton Frediani Correa (Clínica Corporativa), Ivo Pons (Data Machina) e Osmar Lima.
Organizados em “macrotemas”, os quadros de palestras foram sempre finalizados por painéis de debates, em uma estruturação que se consolidou mediante à direção de diferentes regionais, por afinidade às temáticas. A densidade e profusão do conteúdo resultante foi, portanto, produto de uma ação conjunta entre regionais, mostrando-se valorosas:
Esse ano está especial! Estamos em meio a grandes mentes pensantes, nacionais e internacionais, em uma sequência de oito quadros densos e com assuntos totalmente atuais, que nos incitam a pensar sobre o futuro da profissão”, depôs o Presidente e membro do conselho deliberativo da AsBEA-RS, o arquiteto Vicente D’Avila Brandão e Silva, do Santini & Rocha Arquitetos.
Cumpre com seu papel a 49ª Convenção Nacional AsBEA: os 50 anos da entidade estimulou pautas atuais que interferem na forma de projetar, organizar e administrar os escritórios de arquitetura, em dias de interações entre os associados presentes, reverberando trocas, como uma das principais propostas desse encontro anual.
Fico muito feliz, porque acredito que conseguimos cumprir os objetivos da convenção em termos de conteúdo, integração e troca entre todos os que estiveram conosco – principais fundadores e arquitetos das dez as regionais do Brasil. Em meio a gerações novas e antigas, a convenção, de fato, celebrou os 50 anos da AsBEA!”, destacou Milene Abla, ao término da Convenção.