O edifício invisível e a cidade inexistente | Por Fernando Serapião

A construção de unidades residenciais agrupadas transforma as cidades, para o bem ou para o mal. As cidades européias e São Paulo tomam, nessas transformações, caminhos inversos. Em que medida os arquitetos, lá e cá, contribuíram para isso e podem ser responsabilizados pelo estado atual das cidades?

A revisão dos conceitos de moradia na Europa, nos últimos 30 anos, deixou diversas cidades – como Amsterdã, Barcelona e Berlim – em situação invejável. As habitações sociais contemporâneas interagem com a paisagem urbana (os vizinhos ou a quadra, por exemplo), valorizando-a sem destruir o caráter individual do projeto. Enquanto isso, São Paulo, que pouco fez para resolver o problema habitacional, constrói, para as classes média e alta, edifícios com uma relação equivocada com a cidade: os projetos limitam-se ao próprio lote, sem generosidade espacial. O livre mercado, que edifica o espaço privado, cria unidades residenciais repetidas, sem personalidade, onde o luxo de acabamentos é valorizado em detrimento da espacialidade.

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