Entrevista Nishizawa e Sejima: sócios do Sanaa falaram de seus trabalhos, da atuação em dupla, de influências e da arquitetura brasileira
Conceitos semelhantes no processo de projetar foram enfatizados por Ryue Nishizawa e Kazuyo Sejima: a transparência, pelo uso de vidro; a flexibilidade, não só indicada no projeto, mas dada também pelas paredes móveis; e a aproximação com o entorno. Durante a palestra, os dois dividiram ordenadamente as descrições de seus trabalhos, subentendendo-se assim o seu processo de atuação conjunta.Sejima - com 53 anos, dez a mais que Nishizawa - trabalhou durante seis anos com o arquiteto Toyo Ito. A união entre ela e Nishizawa no Sanaa ocorreu por causa dos concursos. Trabalham no escritório, em um antigo depósito no bairro de Shinagawa, cerca de 30 arquitetos. Nishizawa ocupa um mezanino sobre o espaço onde estão as maquetes, com outros seis jovens profissionais que atuam exclusivamente com ele. Sejima também mantém escritório independente.O complexo e surpreendente Museu de Arte Contemporânea de Nova York, inaugurado em 2007, e o Museu do Século 21, em Tóquio, projetado em 2004, são as obras mais recentes do Sanaa, responsável também, entre outros trabalhos, por um centro cultural e teatro em Almere, Holanda; pelo Pavilhão de Vidro, no Museu de Arte de Toledo, em Ohio, EUA; e pelas lojas Prada, em Hong Kong, e Christian Dior, em Tóquio. O escritório também é detentor de várias premiações, como o Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2004.Autodefinindo-se como intuitiva, a arquiteta vê em seu sócio alguém que “pode me entender e criticar”. Nishizawa, cujo lema é “gastar um bom tempo para tornar o trabalho mais simples”, confessou ao jornal Japan Times que entre suas admirações está Le Corbusier, por ter seguido seu próprio ideal. E Mies van der Rohe é seu “herói”, pela obra que significa dignidade e imponência. Kazuyo Sejima, pela primeira vez no Brasil, afirmou que sentiu poder criar com mais energia aqui. (Por Haifa Sabbag)