Novo desenho cria visibilidade Deslocadas para a área externa do corpo do edifício, as colunas estruturais assumem função estética na fachada do One Hundred, que mescla, em linhas simétricas, panos de vidro e painéis de alumínio composto, também utilizados para revestir as colunas. O projeto começou a ser desenvolvido em meados de 1993, mas permaneceu engavetado até o empreendimento ser incorporado pela Bueno Neto Gestão Imobiliária. Retomado em 2000, passou por upgrade tecnológico, que atualizou suas instalações elétricas, de telefonia e de dados e concebeu visual contemporâneo para a fachada. Com 12 pavimentos e lajes de 500 metros quadrados, o edifício One Hundred foi desenvolvido para atender à demanda de empresas de médio e pequeno portes que buscam visibilidade ao instalar seus escritórios na Vila Olímpia, região considerada pólo de negócios emergente em São Paulo. A planta tem flexibilidade para abrigar uma ou duas empresas, ou ainda ser dividida em conjuntos menores. Isso foi possível devido aos equipamentos e instalações adotados: piso elevado com 13 centímetros de altura, sistema de modulações, forros com placas de fibra mineral com alta performance acústica, ar- condicionado e iluminação que permitem à área passar por alterações, de modo eficiente. Para as fachadas, o vidro especificado considerou os níveis de absorção de calor, de modo a otimizar a utilização do sistema de ar condicionado, garantindo conforto térmico e boas condições de iluminação. O projeto foi totalmente revisto, explica o engenheiro Luiz Carlos Martins, diretor técnico da Bueno Neto. Além de solicitar novo estudo arquitetônico para o escritório Botti Rubin Arquitetos, foi providenciada consultoria para a execução das fachadas. “Tínhamos de atualizar tecnologicamente a fachada e também desenvolver um desenho que conferisse ar de modernidade”, ele afirma. As faces curvas frontal e posterior e colunas estruturais externas definem o corpo do edifício. A estrutura de concreto em balanço, que conclui o coroamento, também faz parte da lista de mudanças propostas pelo novo projeto, com o objetivo de conferir maior visibilidade à edificação. Revestimento dos pilares Quem observa o edifício tem a impressão de que o volume está suspenso pelas colunas redondas externas. O engenheiro Sílvio Feitosa, responsável pelo cálculo estrutural da obra, explica que se trata apenas de recurso arquitetônico, pois não há separação entre esses elementos, que formam um único corpo. Segundo Feitosa, o upgrade da edificação incluiu modificações na parte estrutural, como a redução no tamanho das vigas, para se obter pé-direito maior. O primeiro pavimento possui piso duplo com pequeno mezanino central, solução que parece torná-lo maior. O projeto optou pela criação de linhas simétricas na fachada, intercalando faixas horizontais de painéis de alumínio composto e panos de vidro com quadros fixos e móveis, compostos pelas janelas maxim-ar. Através de elementos que formam entradas de concreto, os pilares de canto se unem às vigas de cada andar. A unidade visual desse conjunto é mantida pelo uso de painéis de alumínio composto. O revestimento da interface pilar/viga exigiu soluções complexas e precisão de corte e usinagem dos painéis, para garantir bons níveis de vedação. Foi necessário compatibilizar tecnicamente as superfícies – redonda nos pilares e plana nas vigas -, explica José Sabioni, diretor da Itefal, empresa responsável pelo projeto e execução dessa etapa da obra. Os painéis de alumínio composto fixados na linha horizontal da fachada receberam a mesma vedação que os painéis de vidro – gaxetas periféricas de EPDM com cantos vulcanizados. As peças que compõem o revestimento dos pilares e consoles de ligação com as vigas têm juntas vedadas com silicone neutro, produto que não agride a camada de polietileno que compõe o ACM. Cargas de vento Outra questão estudada com rigor no projeto de fachadas foram as cargas de vento. O arquiteto Paulo Duarte, da AEC Consultores, explica que a região da Vila Olímpia é complexa: apesar do adensamento que vem ocorrendo nos últimos anos, ainda existem muitos espaços abertos. O terreno onde foi construído o One Hundred é vizinho a áreas sujeitas a forte circulação de vento. “O formato do prédio – fachadas frontal e posterior curvas e cantos arrematados por peles de vidro – também nos preocupou”, diz Paulo Duarte. Ele explica que, em um prédio com os cantos formados por duas peles de vidro, o vento circula e sopra contra a fachada e, muitas vezes, paralelamente a ela, criando forte efeito de sucção. Ao sair no canto da fachada, o vento aumenta de velocidade e suga a fachada que está na perpendicular, provocando o chamado efeito de canto. No caso do One Hundred, o vento tem a tendência de se afastar da fachada, quando acaba a curva, criando uma grande zona de baixa pressão, exatamente na quina. Todos os elementos que estão na quina da fachada sofrem aumento de pressão. A pressão e a sucção são, portanto, maiores nos cantos do que no centro. Esse cálculo de canto depende daquilo que se chama de coeficiente de arrasto, ou seja, o deslocamento provocado pelo vento. A modulação da fachada pele de vidro apresenta vidros laminados de 1,25 metro de largura com duas medidas de altura. Os maiores tem 1,66 metro e nove milímetros de espessura; os menores têm 52 centímetros e espessura de sete milímetros. Na mesma largura, os painéis de alumínio composto têm 55 centímetros de altura. Foram escolhidos vidros prata neutro 130 – um tipo especial que produz tons chumbo quando o céu está escuro e reflete, no lado interno do edifício, a cor neutra, ao contrário do prata normal, que reflete o amarelo. Segundo Paulo Duarte, a particularidade do vidro foi a escolha da cor e de um tipo com 30% de transmissão de luz. Limitação de abertura Outro ponto crítico da fachada foi o estudo das características das janelas maxim-ar. Paulo Duarte explica que na área onde elas estão localizadas existe aumento da sucção e, conseqüentemente, da carga nos braços, o que pode fazer com que a janela seja arrancada. “Por questões de segurança”, explica o consultor, “não trabalhamos com folha reversível e limitamos a abertura a, no máximo, 30 centímetros.” As janelas maxim-ar têm 1,66 metro de altura, o que dificultaria o movimento de abrir e fechar, caso a abertura fosse muito grande, e facilitaria o arrancamento, em caso de grandes cargas de vento. Para suportar janelas com essas características foram utilizados braços especiais de aço inoxidável e fechos de segurança que permitem a abertura apenas pelo pessoal de manutenção, em situações especiais, como casos de pane prolongada do ar-condicionado. Os perfis usados para o dimensionamento e construção da fachada foram da linha SG-55 mm FCH-II da Hydro Alumínio, com acabamento superficial fosco natural classe A 18. Texto resumido a partir de reportagem de Cida Paiva e Nádia Fischer Publicada originalmente em FINESTRA Edição 35 Dezembro de 2003 Desenvolvido em meados de 1993, o projeto do edifício One Hundred foi retomado e passou por upgrade tecnológico A especificação do vidro das fachadas considerou os níveis de absorção de calor necessários para otimizar a utilização do sistema de ar condicionado O revestimento da interface pilar/viga exigiu soluções complexas e precisão de corte e usinagem dos painéis, para garantir bons níveis de vedação Revestidas com painéis de alumínio composto, as colunas estruturais externas definem o corpo do edifício A modulação da fachada apresenta vidros laminados de 1,25 metro de largura e alturas de 1,66 metro e 52 centímetros, com quadros fixos e móveis, compostos pelas janelas maxim-ar Detalhe da fachada de vidro do átrio Planta do pavimento-tipo Clique nas áreas destacadas em vermelho para ver a ampliação e os detalhes de cortes Elevação Clique nas áreas destacadas em vermelho para ver os detalhes de cortes
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