Foto HAROLDO GALLO

Um paradoxo nas intervenções em dois edifícios preservados | Por Haroldo Gallo

Com as profundas transformações da virada do século, pelas quais São Paulo passa de cerca de 30 mil habitantes em 1872 para aproximadamente 1,3 milhão em 1940, desenvolvem-se novas regiões, como a da Luz, com imagem européia e edificações de novos usos e linguagens. São paradigmáticos desse contexto dois edifícios, a estação Júlio Prestes e a Pinacoteca do Estado, a partir dos quais se discute um paradoxo da atual política de preservação cultural brasileira.

Essa política implantou-se rotulando a arquitetura de padrões clássicos como estrangeira e não-conformadora da identidade nacional, retardando as necessárias medidas protecionistas. Recentes políticas de intervenção urbana incidiram nos edifícios da estação e da pinacoteca, oferecendo a oportunidade de identificar novos critérios de projeto, num quadro de revisão dos paradigmas do modernismo. Esses critérios, embora mais liberais quanto ao grau das modificações introduzidas, mediando o dinamismo urbano com a salvaguarda da memória, apontam para uma desvalorização de uma cultura arquitetônica específica, tornando identificáveis traços de invenção de tradições. Sem questionar a inegável qualidade espacial dos exemplares apontados, discute-se o ideário cultural subjacente no âmbito da preservação do patrimônio, em face das alterações culturais da contemporaneidade.

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