A casa-manifesto de Barragán | Por Jorge Mário Jáuregui

A casa de Luis Barragán (1902-1988), na Cidade do México, é um dos manifestos construídos que o século 20 produziu em torno do tema da residência unifamiliar. Ela adquire significado muito especial por ter constituído um work in progress, onde ele experimentou e testou, ao longo dos anos, relações espaciais, gamas cromáticas, incorporação de objetos e até a própria relação com o entorno - sobretudo a relação interior-exterior, por meio do pátio, do jardim e do terraço, num processo de reflexão-meditação ininterrupto.

O fato de ser a residência do arquiteto mexicano, com um microclima interior muito especial (um dispositivo sensório-espacial instituído por ele regula e controla as relações e as diferenças qualitativas entre ambientes e entre interior e exterior), faz desta casa, com espiritualidade ao mesmo tempo monástica e muito sensual, uma experiência fundamental da arquitetura latino-americana. Já plenamente incorporada ao patrimônio da cultura arquitetônica de nosso continente, ela continua sendo fonte de significações inesgotáveis e um lugar muito rico, onde se imbricam arquitetura, natureza e indivíduo.

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